Comportamento

Quase metade trai porque o parceiro fica muito na internet

Written by Alan Chiu Tsang

Pesquisa revela: 45% das pessoas que têm relações extraconjugais o fazem porque o parceiro ou a parceira passa tempo demais no smartphone ou no tablet. Os dados são de uma enquete realizada pelo site de encontros para pessoas comprometidas Victoria Milan.

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“Nada mais justo! Partindo do pressuposto que amor é atenção, se não houver isso, nada mais justo que procurar outro parceiro, procurar atenção”, afirma categoricamente o psicanalista Fábio Belo, professor no curso de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Foi por esse motivo que a advogada Fer*, 33, se inscreveu em um site de relacionamentos para pessoas casadas. “Tenho um casamento de 14 anos, com duas filhas e muito amor, muito mesmo. Só que, infelizmente, sexo não anda lado a lado com o amor. Sempre que chega em casa, meu marido vai direto para o computador ou para a televisão. Sempre dormimos em horários diferentes, e sexo é uma raridade”, revela.

Ela, que usa os serviços do site há cerca de um ano, acredita ter resolvido seus problemas conjugais. “Hoje nem ligo tanto de quase não fazer sexo com meu marido. Nós nos amamos muito e temos uma vida muito boa, apesar dos problemas que todo casal enfrenta. E a maioria das minhas amigas é assim”.

Segundo o psicanalista, esse comportamento traduz a máxima popular de que “quem não dá assistência, abre concorrência”. “E com uma advertência suplementar: mesmo dando assistência, não há garantia. A monogamia é apenas um dos contratos conjugais possíveis. Não é o único, não é melhor que os demais. O que tende a garantir mais a fidelidade é a atenção que se dedica, ou o trabalho de amor que você dedica ao outro”, completa.

Desculpa. Ainda segundo a pesquisa, dois terços dos 6.000 participantes afirmaram que não trairiam se não fosse a facilidade da internet, afirmação que contraria especialistas.

“Quarenta e cinco por cento trairiam de qualquer jeito. Quando não havia internet, havia telefone. Quando não havia telefone, havia o menino de recados. Sempre houve estratégias para as pessoas se encontrarem com outras”, opina a educadora sexual Sílvia Amaral, membro de um grupo de estudos do Cefet-MG.

Belo concorda. “A internet suspende defesas importantes, nos ajuda a superar a vergonha inicial, aumenta a qualidade dos diálogos. Mas acho pouco provável que ela tenha aumentado as traições”, declara o psicanalista.

“Essa pesquisa nos mostra que ainda vamos ficar muito tempo nostálgicos de um modelo que começou no século XVII e funcionou muito mal. Nós aprendemos a amar monogamicamente na relação com nossos pais. Assim, esse modelo dava conta de uma fantasia que temos, de um outro que supre tudo. Talvez, com a família moderna, nós consigamos novas bases psíquicas que irão se sentir menos nostálgicas com a pluralidade do desejo”, analisa.

About the author

Alan Chiu Tsang

Alan is a freelancer photographer and author for FutureHandling.com.
He graduated from Hong Kong university in 2005.